Bahia: ao lado de uma bela estrada, um abismo

Depois de jogar bem e perder mais uma partida na série A, o Bahia começa a se complicar na competição. Não estou aqui para cornetar, absolutamente. Mas acho que a verdade dos fatos deve ser evidenciada. A campanha do tricolor já o deixa na porta da zona de rebaixamento, já na décima rodada e René Simões precisa mostrar para que veio, o quanto antes.

Não vou falar da estrutura do clube, isso já não cabe. O Bahia tem melhorado muito nesse sentido. A prova disso foi o retorno para a série A. Os resultados em campo aparecem com bons trabalhos e em 2010, o Bahia trabalhou bem. Já em 2011, apesar do grande esforço fora de campo, o planejamento ainda não surtiu efeito. O técnico René Simões só ganhou quatro partidas desde que chegou ao Bahia e as constantes contusões não tem permitido um bom ritmo para jogadores importantes.

Olha, em 2003, ano em que o Bahia foi rebaixado com a humilhante goleada de 7 a 0 para o Cruzeiro, em pleno Estádio Octávio Mangabeira, a Fonte Nova, lembro que o tricolor jogou bem por várias partidas na competição, mas os resultados não aconteciam. O time foi "descendo a ladeira", como se diz na Bahia, e no final de tudo "o fumo entrou". Todo torcedor tricolor sabe do desfecho daquele ano fatídico. 

E agora? Não duvido da competência de René Simões, mas acho que quando o time tem problemas, o técnico vencedor tem estrela, e posso afirmar que essa estrela não brilhou para René Simões. Ele é competente, mas não construiu ainda um Bahia competente e tempo para isso já teve. Vejo times piores que o Bahia, do ponto de vista da qualidade individual dos jogadores, mas realizam campanhas mais satisfatórias. Vide o próprio Botafogo que chegou em Pituaçu e por muito pouco não deixou o Bahia amargar mais uma derrota. O empate caiu do céu, mas não foi exatamente "sorte".

Vejamos que a "maré de azar" é tão grande para o técnico, que o Bahia poderia ter o ganho do Flamengo, com aquele penalti sobre Ávine, mas a falta não foi marcada. Poderia ter vencido também o Atlético-MG, não fosse o gol mal anulado e o penalti do primeiro tempo não marcado. Mas nem nisso o tricolor vem dando "sorte".

Jogar bem, não basta. Quem olha o Bahia jogar pensa: "O time é bom e vai fazer uma boa campanha"... é a conhecida "estrada florida, iluminada e bem asfaltada"... Mas ao lado de uma bela estrada tem um grande abismo, do qual o carro tricolor já caiu duas vezes, mas que sobreviveu e nenhum de nós deseja que aconteça de novo. O Bahia precisa de competência. Sim, porque obviamente eu venho usando a palavra "sorte" entre aspas, a fim de expressar a minha irônica insatisfação com a falta de competência do time.  

Não precisa pensar muito. É fácil perceber que os times já entenderam a forma de jogar do Bahia e anulou suas principais jogadas. Os dois triunfos, contra o Flu no Rio e o Furacão na Arena da Baixada, chamaram a atenção. Na série A é preciso ter elenco, e um plano B, outro C, outro D... Cada time é um time e joga diferente. Dinâmica tática, criatividade e velocidade é fundamental para um time que deseja chegar na Libertadores ou mesmo ser Campeão.

Estou preocupado com o Bahia. Me desculpe René Simões, mas acho sua campanha fraquíssima. Quatro triunfos em treze partidas dói. Aliás, 13 é o número do azar, ou será o 16? E a 16ª colocação também dói. Espero que não tenhamos que voltar a sofrer como outrora. A torcida do Bahia, que proporciona a maior média de público desse Brasileirão, não merece isso.