Bahia: um time desfigurado

Alisson, representando os bons jogadores que o time perdeu

Caros leitores, depois da vergonhosa derrota diante do nosso maior rival, que diga-se por sinal é um time limitado, muitos questionamentos vem a tona nesse início de 2011. Algumas, eu tinha feito aqui nesse blog antes mesmo do resultado deste último domingo. A conclusão que cheguei é que o Bahia desconfigurou e ficou desfigurado.

Não tenho aqui a pretensão de brincar com os termos e as palavras, mas sim tentar mostrar o que entendo ter acontecido com o Bahia. Alguns erros imperdoáveis terminaram por prejudicar o entrosamento da equipe no início da temporada. No final da série B, todos nós discutíamos e comentávamos que o Bahia precisava manter o máximo daquela equipe, uma base, e trazer alguns "jogadores de peso" para fortalecer o time titular. 

E não é que eu não concorde com a contratação de jovens promessas, desses rapazes que se destacaram jogando sub -17, sub-20, etc... Absolutamente! Mas entendi que houve um exagero na aposta sobre esses jogadores. Questiono se o erro foi realmente do técnico Rogério Lourenço. O cara não conduzia o treino bem? Não treinava a parte tática, técnica e os fundamentos do futebol? As jogadas ensaiadas não estavam sendo praticadas nos treinos? A relação não era boa com os jogadores? Então, por que o erro recaiu sobre o técnico?  Vejam que em nenhum momento escrevi matérias aqui questionando o trabalho de Rogério, até porque não o conhecia como técnico de referência no futebol.

Entendo que o erro foi outro. Errou o Bahia e errou mesmo, ao dispensar o bom zagueiro Alisson, sem dizer no jogador profissional que é. Errou ao dispensar Fernando, grande goleiro e que nos trazia segurança. Errou ao dispensar Jael (não defendendo o jogador), pois as coisas poderiam não ter chegado ao ponto que chegaram se o Bahia tivesse cumprido os acordos feitos com os jogadores. Até mesmo uma conversa com o jogador, a partir de algum profissional qualificado para esse tipo de conversa (psicólogo por exemplo), tudo isso poderia ter ajudado na situação. Mas não, colocaram o gerente de futebol para discutir com o jogador sobre sua conduta ao faltar exame, chegar atrasado no treino, etc.

Não fizeram muito esforço para manter Fábio Bahia, para mim o jogador mais estável do meio de campo tricolor na campanha de retorno à série A. Mas, ao contrário, o Bahia investiu em outras peças, em opções que deram ao tricolor uma "nova cara" que não sabíamos qual seria, até começar o Baianão, que tem o "ão" só no nome, porque é fraquíssimo tecnicamente. O resultado: não conseguimos ganhar nem do Serrano e já são três derrotas em cinco jogos.

O erro do Bahia foi colocar os jogadores em hotel de não sei quantas estrelas já nos primeiros treinos. Hotel de tantas estrelas é para concentração. Início de temporada é no campo, correndo para ganhar resistência e força física, debaixo de sol. A Bahia é lugar de trabalho também e não só de turismo.

O tempo dirá se o problema é técnico ou qualidade técnica e maturidade dos jogadores. Futebol se profissionalizou, mas paixão e emoção ainda vencem jogos, clássicos e conquistam pontos. Longe de mim criticar Angione, profissional que até então me agrada, mas as suas apostas exacerbadas foram equivocadas e acho que temos que ter humildade para assumir isso.

Não sei o que será do Bahia daqui para frente. Só espero que tudo não termine em pizza e que um time base de referência possa ser novamente formado, a fim de salvar a campanha da série A deste ano. O bom planejamento é tão importante, que o fato de estarmos do jeito que estamos já em meados de fevereiro, me faz duvidar o Baianão e a Copa do Brasil.