Arena segue desrespeitando o torcedor |
Que a Arena Fonte Nova é um
estádio de primeiro mundo, digno da grandeza do torcedor baiano, é fato
indiscutível. No entanto, o tratamento que este torcedor tem recebido é o pior
possível e contrastante com os altos valores cobrados nas entradas, que não
garantem o conforto que o torcedor espera. No início, fui vendo os problemas
e deixando o tempo passar. Pensei: “É a falta de experiência, com o tempo as
coisas vão melhorar”. Mas após sete meses da inauguração e mais de trinta jogos
realizados na praça esportiva, não dá mais para fechar os olhos. Os problemas
precisam ser expostos, discutidos e solucionados.
A paciência esgotou no jogo
contra o São Paulo. Cerca de 20 minutos antes do início da partida, a fila para
compra de ingressos na bilheteria do Setor Norte (Ladeira da Fonte) já havia
passado o viaduto do entroncamento da Bonocô e tinha seu final na ladeira de
acesso ao Dique do Tororó. O tempo de espera chegou a ser de mais de uma hora
para muitos torcedores. Aos 40 minutos do primeiro tempo, a fila ainda era
muito cheia e já podiam ser observados muitos torcedores desistindo de entrar
no estádio.
Para quem consegue entrar em
jogos de grande apelo popular, as dificuldades continuam dentro do estádio. As
lanchonetes além de venderem produtos a preços exorbitantes, ainda oferece um
quantitativo insuficiente de lanches. Vi um torcedor ficar quase vinte minutos
na fila, comprar uma ficha de salgado e quando chegou ao balcão da lanchonete, descobriu
que o salgado tinha esgotado. Esse torcedor precisou voltar para o caixa, para
trocar a ficha por outra ou desistir do produto. E olhe que a essa altura, o
segundo tempo já havia começado. No banheiro, outros problemas: acabam papéis
higiênicos, papel toalha, sabonete líquido de mão, enfim... o torcedor não
consegue encontrar o conforto. E olhe que funcionários têm bastante para “fiscalizar
e cuidar da ordem no espaço”, por todos os lugares.
Outra grande falta de respeito
com o torcedor é a limitação da autonomia de escolha do seu lugar na
arquibancada. Vejamos: Se o torcedor vai pagar um valor alto no ingresso, tendo
como recompensa um “conforto”, por que “cargas d’água” ele não tem o direito de
escolher o lugar que deseja sentar para assistir ao jogo? A Arena vende os
ingressos por setor, e o torcedor que se desloca para o estádio a fim de
comprar seu ingresso antecipadamente, é obrigado a comprar o setor
disponibilizado pela Arena, mesmo tendo lugares disponíveis em outros setores.
O torcedor Marcelo, 26 anos,
mostrou-se indignado no jogo contra o Náutico: “Nunca gostei de assistir ao
jogo nas arquibancadas inferiores muito próximas ao campo. Para mim, a
visibilidade é melhor nas arquibancadas superiores. Já que vou pagar, tenho
direito de escolher”. Essa queixa é freqüente
nas filas da Arena Fonte Nova. Outro torcedor se queixou no jogo contra o São
Paulo: “A Arena não está preparada para vender um volume maior de ingressos
para torcedores que decidem vir ao estádio no dia do jogo, as filas são sempre
demoradas e as bilheterias são poucas” (Lucas, 34 anos, jogo contra o São
Paulo).
Enquanto a administração da Arena
não dá importância às queixas dos seus clientes, o péssimo tratamento segue
acontecendo e, a cada rodada o estádio vai esvaziando. A tendência é piorar, se
o tratamento não melhorar. Hoje, a Arena Fonte Nova ainda é novidade para muita
gente. E o novo encanta, mas com o tempo, o mal tratado desiste. Espero que a
diretoria do Esporte Clube Bahia fique bem atenta a essas questões.
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